No último ano, o projeto YouNDigital – Jovens, Notícias e Cidadania Digital (PTDC/COM-OUT/0243/2021) mapeou o consumo e o (des)interesse por notícias por parte de jovens (15-24 anos) de diferentes nacionalidades a residir em Portugal.
Estes resultados preliminares foram recolhidos através de inquérito online representativo (jan-out), entrevistas semi-estruturadas e diários (maio-set) e estão detalhados no relatório agora divulgado.
Os dados recolhidos permitem um amplo mapeamento de diferentes dimensões do consumo de notícias: rotinas, suportes utilizados, pessoas a quem recorrem, contextos de confiança e evitamento de notícias, nível de compreensão sobre algoritmos e dataficação (para mais detalhes, ver Milestone 3 – End of fieldwork).
Ainda que tratados de forma preliminar, os resultados do inquérito já permitem destacar algumas conclusões. Entre os adjetivos mais utilizados pelos participantes para caracterizar a maioria das notícias sobressaem os de caráter negativo. Para os jovens ouvidos, a maioria das notícias são “tristes” (45,6%; n=593), “assustadoras” (35,6%; n=463) e “aborrecidas” (25,0%; n=325).
Já nas entrevistas semi-estruturadas foi possível identificar o papel central das redes sociais e das temáticas de interesse no consumo de notícias. Por seu lado, os órgãos de comunicação social ocupam um espaço de menor importância na vida da maioria dos jovens. A televisão é, muitas vezes, relacionada a um hábito dos pais e dos avós, por exemplo. Destaca-se, também, a preocupação com a saúde mental e o ímpeto de evitar assuntos que afetam o estado de espírito (por exemplo, guerras e casos de racismo).
Os jovens entrevistados também consideram que os algoritmos facilitam a busca por informações no dia a dia, ainda que alguns se preocupem com suas implicações, como evidencia o trecho a seguir.
“Por exemplo, uma pessoa que não tem interesse nenhum na comunidade LGBT não vai ser bombardeada constantemente com notícias LGBT porque não está inserida naquele meio e as poucas notícias que irá receber possivelmente serão negativas.”
André, 21 anos, técnico na área do turismo, Horta (Região Autónoma dos Açores).
Estes e outros resultados podem ser consultados no relatório.